Classificação dos Seres Vivos

Por que classificamos?

Quando nos deparamos com uma grande variedade de objetos ao nosso redor, temos a tendência de reunir em grupos aqueles que consideramos semelhantes, classificando-os. Está é uma característica inerente ao ser humano. O ser humano classifica as coisas porque isso as torna mais fáceis de serem compreendidas. É provável que o homem primitivo distribuísse os seres vivos em grupos: os comestíveis e os não-comestíveis, perigosos e não-perigosos etc..
No nosso dia-a-dia, temos constantemente exemplos de classificação de coisas; ao se classificar os selos, por exemplo, levamos em conta critérios de semelhanças como país, o ano do selo, o motivo da estampa etc..
Em qualquer sistema de classificação são usados determinados critérios. Num supermercado, a disposição dos produtos nos corredores e nas prateleiras obedece a certas regras estabelecidas pelo proprietário. Por exemplo, os produtos de higiene pessoal ficam numa determinada prateleira de uma determinada seção, os refrigerantes numa outra e os chocolates em uma terceira etc.. É claro que o dono de um supermercado pode usar critérios diferentes de arrumação.
Os cientistas também classificam. Mas no caso da Ciência, não é aconselhável a existência de muitos sistemas diferentes de classificação. Podemos perceber que isso tornaria muito difícil a “comunicação” entre cientistas.
A importância da classificação biológica é facilitar a compreensão da enorme variedade de seres vivos existentes.

- Os grupos básicos de Linnaeus

A primeira tentativa conhecida de classificação foi feita pelo filósofo grego Aristóteles (384- 322 a.C.).
Aristóteles trabalhou principalmente com animais e classificou várias centenas de espécies. Ele dividia os animais em dois grandes grupos: os com sangue e os sem sangue. Teofrasto, um discípulo de Aristóteles, descreveu todas as plantas conhecidas no seu tempo: ao classificar as plantas, um dos critérios utilizados foi o tamanho; ele as dividia em árvores, arbustos, subarbustos e ervas.
De Aristóteles até o começo do século XVIII houve pouco progresso. Foram elaborados alguns sistemas de classificação mas com pouco sucesso. Os critérios eram arbitrários, alguns Biólogos classificavam os animais de acordo com seu modo de locomoção, outros conforme o ambiente em que ele vivia etc.
Um exemplo disso pode ser notado ao analisarmos a classificação de um animal tendo por base apenas o ambiente onde ele vive. Pássaros, morcegos e insetos são classificados como animais aéreos e, no entanto, são muito diferentes entre si. Certamente um beija-flor tem mais semelhança com uma ema (terrestre) do que com uma mosca.
Podemos notar que escolher como critério apenas o ambiente não acrescenta muito sobre o grupo.
Estas primeiras classificações eram consideradas artificiais, pois utilizavam critérios que não refletiam as possíveis relações de parentesco entre os seres vivos.
Hoje em dia classificações são naturais, pois procuram agrupar os seres vivos de acordo com o maior número possível de semelhanças, tentando estabelecer relações de parentesco evolutivo entre os mesmos.
Um grande marco na classificação dos seres vivos foi estabelecido pelo Naturalista e Médico sueco Linnaeus (lê-se Linô).
Linnaeus desenvolveu um sistema de categorias hierárquicas que, com algumas modificações, é usada hoje. No entanto, ele não levou em conta as relações de parentesco evolutivo entre seres vivos, pois acreditava que as espécies existentes na Terra tinham sido criadas uma a uma por Deus e que, desde o instante da criação até então, elas teriam permanecido sem qualquer alteração. Esse princípio da imutabilidade, denominado fixismo, era crença generalizada entre os naturalistas da época de Linnaeus.
Atualmente o fixismo não é mais aceito, tendo sido contestado a partir dos trabalhos de Darwin em 1 859. Darwin desenvolveu idéias sobre a evolução dos seres vivos através da seleção natural.
A teoria da evolução biológica ou simplesmente teoria da evolução diz que todos os seres vivos, dos mais simples até o homem, estão sujeitos a contínuas modificações ao longo do tempo. Assim, acredita-se que todas as espécies atuais ou as já extintas se originaram a partir de outras, pelo acúmulo de novas características, que revelam as suas adaptações ao diferentes ambientes durante a história da Terra.
Com a aceitação da teoria evolutiva, as espécies deixaram de ser vistas como grupos estáticos de seres vivos.
No sistema proposto por Linnaeus a espécie é a unidade de classificação e pode ser definida como sendo “um grupo de organismos que se acasalam na Natureza e cujos descendentes são férteis”.
O atual sistema de classificação dos organismos também considera a espécie como unidade de classificação.
As diferentes categorias de classificação, chamadas de categorias taxonômicas, foram ampliadas. Linnaeus elaborou um sistema de classificação onde havia 5 categorias de espécies semelhantes, que eram agrupadas em um mesmo gênero; os gêneros semelhantes são agrupados numa mesma família; famílias semelhantes são reunidas numa ordem; ordens semelhantes são agrupadas em uma classe; classes semelhantes são agrupadas em um filo ou divisão, e filos ou divisões semelhantes são agrupadas em um reino. As categorias podem ser representadas, da mais ampla para a mais restrita, da seguinte maneira:
REINO FILO CLASSE ORDEM FAMÍLIA GÊNERO ESPÉCIE
Além dessas categorias, muitas vezes são utilizadas categorias intermediárias, tais como subfilo, infraclasse, superordem, superfamília, subgênero, subespécie. Para exemplificar o atual sistema de classificação, vamos ver a classificação do cão, desde a categoria mais geral, que é o reino, até a mais restrita, que é a espécie.
 
Um exemplo de classificação taxonômica: o cão

- Uma classificação geral dos seres vivos

Muitos sistemas de classificação de seres vivos foram propostos, mas esse assunto ainda é muito controvertido. As Ciências Biológicas estão em plena expansão e tem sido possível conseguir mais e melhores informações a respeito dos seres vivos, trazendo assim maiores subsídios para a compreensão de suas histórias evolutivas. Por essa razão, a classificação tem sofrido modificações, pois trata-se de um tema dinâmico, não existindo um sistema que contente a todos.
Num dos primeiros sistemas de classificação, na época de Linnaeus, era comum a divisão dos seres da natureza em 3 reinos: Vegetalia ou Plantæ, Animalia e Mineralia. Essa divisão perdurou até cerca de 60 anos atrás. Em conseqüência, ainda há quem insista em considerar os seres vivos unicamente em dois reinos: Vegetalia e Animalia.
Num outro sistema proposto, os seres vivos eram colocados em 3 reinos: Protista, Plantæ e Animalia. Este sistema também não é mais utilizado.
Posteriormente surgiu um sistema de classificação onde os seres vivos eram divididos em 4 reinos: Reino Monera (bactérias e cianobactérias), Reino Protista (algas, protozoários e fungos), Reino Plantæ (desde musgos até angiospermas) e Reino Animalia (desde esponjas até os mamíferos).
Esse sistema ainda é utilizado por algumas pessoas, mas está pouco a pouco sendo substituído por um sistema que agrupa os seres vivos em 5 Reinos:
  • Reino Animalia: todos os animais desde as esponjas até os mamíferos
  • Reino Plantae: desde algas pluricelulares até angiospermas
  • Reino Fungi: todos os fungos
  • Reino Protista: algas unicelulares e protozoários
  • Reino Monera: bactérias e cianobactérias
O sistema dos 5 Reinos foi proposto em 1 969 pelo Biólogo norte-americano R. H. Wittaker e é o utilizado atualmente.

- Nomenclatura dos seres vivos

Se você consultar um dicionário verificará que o fruto conhecido como ABÓBORA também pode ser chamado de jerimum, jerimu, jurumum, zapolo e zapolito-de-tronco. É provável que você não conheça todos esses nomes.
Se em uma única língua de um único País existem tantos nomes para um mesmo organismo, calcule, então, como seria confuso se considerarmos todas as línguas e dialetos que existem no mundo!
Para facilitar a comunicação entre pessoas de diferentes nacionalidades, que falam diferentes idiomas, e entre pessoas de diferentes regiões geográficas de um mesmo país, são utilizados nomes científicos para designar as várias espécies de seres vivos.
O sistema atual de nomenclatura segue proposta de Linnaeus:
  • é binomial, isto é, composto por dois nomes escritos em latim, ou latinizados;
  • o primeiro nome refere-se ao gênero e deve ter a inicial com letra maiúscula, ex.: Canis
  • o segundo nome é o epíteto específico e deve ser escrito com inicial minúscula, ex.: familiaris
  • Os dois juntos formam o nome da espécie, ex.: Canis familiaris, que é o cão doméstico.
  • Os nomes científicos devem ter grafia diferenciada no texto. Se este for manuscrito, deve-se passar um único traço embaixo do nome. Se for impresso pode-se, por exemplo, deixar a letra em itálico.
Observe o exemplo abaixo:
Tendo em vista que a classificação correta é em latim (ou em palavras latinizadas), apresentaremos os tópicos desta forma. No decorrer do texto, porém, vamos usar a classificação em língua portuguesa. Note também que, em alguns nomes, há a presença de radicais gregos. 

Fonte: educar.sc.usp

0 comentários: